O doente só pode ausentar-se do domicílio para tratamento.
No final do mês de Julho cheguei ao limite, não conseguia mais. Estava deprimido, tinha ataques de pânico cada vez mais regulares e intensos e sentia-me absolutamente esgotado. Fui ao Centro de Saúde, expliquei a minha condição e entrei de baixa médica.
As semanas seguintes passei-as na mais completa solidão. O pânico social impedia-me de sair de casa. A ideia de estar com outras pessoas – família, amigos, colegas, desconhecidos – e até o ruído de passos nas escadas do prédio que habito, deixavam-me numa ansiedade inexplicável, avassaladora e paralisante.
Com o decorrer das semanas, entendi que teria que combater isto com as poucas forças que me restavam. Desenhei um percurso de caminhada por sítios onde seria improvável encontrar pessoas e comecei a sair de casa ao final da tarde. Levei sempre a máquina fotográfica comigo. Fotografei ruínas, objectos abandonados, natureza morta e um cão assustado.
Fiz um zine com vinte das fotografias que tirei e fiz uma edição limitada de 50 exemplares assinados e numerados, já esgotados.

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